Editorial

O futuro dos pessegueiros preocupa

Ninguém controla o clima, isso é fato. Outro fato é que, nos últimos anos, a cultura do pessegueiro vem encolhendo na nossa região e, com os fatores ambientais não sendo nada gentis, é mais um ano em que as perdas serão inevitáveis. Na última semana, noticiamos que alguns produtores já trabalham com a perspectiva de perdas totais. A alternância entre calor fora de época, frio intenso, chuvas e tudo mais, tornam o cenário catastrófico para o desenvolvimento da fruta.

O que acontece, infelizmente, é que mais uma vez a situação vai se tornando insustentável para o produtor. O trabalho dura cerca de oito meses até a colheita. Passa por limpeza das terras, poda, adubagem, raleio e tudo mais. Sem contar que do plantio até a colheita leva uns bons anos para o desenvolvimento da árvore. Soma-se a isso a necessidade de muitas mãos, mesmo em tempos de desenvolvimento tecnológico, para a manutenção de uma cultura que é bastante manual em sua manutenção. Os pomares são mantidos por famílias inteiras. Duas, três, quatro pessoas dedicando-se em conjunto a isso, fora funcionários. E, em anos em que há a colheita, os preços pagos muitas vezes são baixos.

Em um cenário em que uma noite de azar pode jogar todo o trabalho de um ano inteiro por água abaixo, vai se tornando cada vez mais atraente ir para outros setores mais rentáveis. Embora as terras rochosas onde estão a maioria dos pomares da região não sejam tão convidativas para a soja, e nada para o arroz, a agropecuária é outra saída e a evolução dos maquinários tem permitido o plantio de grãos nesse tipo de solo. Embora boa parte de quem cultiva o pêssego sejam famílias de pequenos produtores, o arrendamento para grandes produtores, com garantia de participação na colheita, torna-se uma possibilidade de renda garantida.

A Zona Sul, especialmente Pelotas, ainda é o polo central da produção de pêssego no País. Ocupa na região área superior a cinco mil hectares e possui um potencial de produção de 60 mil toneladas. Ainda assim, o cenário é de desilusão de quem trabalha no setor e de preocupação com um futuro em que, se não houver incentivo, vai virar apenas memória. Como foi o aspargo…

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